Jardins em arranha-céus, uma proposta de arquitetura sustentável
Os jardins em arranha-céus são uma tendência na arquitetura contemporânea que busca uma maior sustentabilidade. Em um momento no qual a situação do planeta exige uma maior conscientização em relação às questões climáticas, a aposta nos arranha-céus com jardins aumentou.
Afinal, estima-se que, a cada minuto, 28.500 árvores estejam sendo cortadas no nosso planeta. Para reverter de alguma forma essa dinâmica que causa tanto dano ao meio ambiente, os arquitetos propõem edifícios “verdes” para as nossas cidades.
Os arquitetos que apostam nesses edifícios “verdes” tentam se concentrar em impedir que a natureza esteja presente apenas como um mero ornamento. Eles estão interessados na natureza porque projetam edifícios que acolhem as pessoas e as árvores.
Além disso, as cidades não param de crescer, de modo que a sua silhueta será dominada por versáteis arranha-céus. Esses edifícios, cidades na vertical, devem ser autossustentáveis, com os jardins sendo uma parte importante para alcançar esse objetivo.
A seguir, mostraremos uma seleção de arranha-céus caracterizados por incorporar jardins e florestas nos seus projetos.
Jardins em arranha-céus: Il Bosco Verticale, Milão, Itália
Il Bosco Verticale / elmundo.es
Este grupo de casas foi inaugurado em outubro de 2014 na cidade italiana de Milão, na área de Porta Nuova Isola. Faz parte de um projeto de renovação urbana muito maior, liderado pela empresa Hines Itália.
O projeto, conhecido como Floresta Vertical de Milão, consiste em duas torres de 80 e 112 metros de altura. Elas abrigam 480 árvores grandes e médias, 300 árvores pequenas, 11.000 plantas e 5.000 arbustos. Poderíamos afirmar que isso equivale a 20.000 m2 de floresta assentados sobre uma área urbana de 1.500 m2 ocupada pelas torres.
Conhecido como Il Bosco Verticale, este é um edifício residencial sustentável que complementa um projeto de reflorestamento metropolitano. Isso contribui para a regeneração do meio ambiente e da biodiversidade urbana, sem expandir a cidade no território de forma horizontal.
O que chama a atenção no projeto é que ele tenta ser um modelo de densificação vertical de jardins e florestas naturais. Além disso, toda a proposta está enquadrada nas políticas de reflorestamento e naturalização das grandes cidades e metrópoles.
Este projeto ajuda a proteger a biodiversidade, estabelecendo um ecossistema urbano. Além disso, graças à sua vegetação, ele gera um ambiente vertical propício ao desenvolvimento de pássaros e insetos.
Jardins em arranha-céus: La Tour des Cedres, Lausanne, Suíça
La Tour des Cedres / arquitecturayempresa.es
Este edifício de cento e dezessete metros de altura é de uso principalmente residencial, com apartamentos de diferentes tamanhos. Além disso, também possui uma grande área de escritórios, áreas de lazer e um restaurante panorâmico no último andar.
Foi projetado pelo arquiteto italiano Stefano Boeri, que também é o autor do Il Bosco Verticale, construído em Milão. A peculiaridade deste edifício construído na Suíça é que ele será o primeiro arranha-céu do mundo com árvores perenes.
Com um design de linhas minimalistas, a sua fachada se destaca pelos seus terraços salientes, revestidos com painéis de concreto. Além disso, a composição da fachada é um jogo de caixas de diferentes comprimentos. Essas caixas ajudam a criar uma arquitetura em movimento, aproveitando as entradas de luz natural.
La Tour des Cedres não só se destaca no nível arquitetônico pela sua estética, como também se destaca no nível urbano e no perfil da cidade. Este edifício simples assume um grande papel na paisagem da cidade por causa da sua arquitetura e volume.
Ele é até mesmo capaz de introduzir uma grande biodiversidade de espécies vegetais, cuja grande conquista é fazer com que isso aconteça no centro de uma grande cidade europeia. O edifício, devido à sua forma e aos cedros, mudará de acordo com as estações do ano. Sem dúvida, este edifício pretende se tornar uma referência na paisagem do lago de Genebra.
A ideia é que Lausanne se torne uma cidade de vanguarda na arquitetura e construção, além de ser consciente do desafio social global de implementar a qualidade urbana e ambiental de uma forma sustentável.
“As árvores são como os indivíduos: cada uma tem a sua própria evolução, a sua própria biografia e forma”.
– Stefano Boeri –
Projetos futuros de jardins em arranha-céus
Forêt Blanche. Paris, França
Forêt Blanche / arquitecturayempresa.es
O escritório de arquitetura Stefano Boeri Architetti projetou uma torre de uso misto com 54 metros de altura. Este edifício estará localizado na região metropolitana de Paris, em Villiers-sur-Marne. O edifício será coberto por mais de 2.000 árvores e plantas, com uma área equivalente a um hectare de floresta.
O Forêt Blanche será organizado com apartamentos nos andares superiores, escritórios nos andares inferiores e áreas comerciais no nível da rua. A vegetação preencherá as varandas nas quatro fachadas do edifício.
Nas fachadas leste e oeste, haverá transparências para permitir a passagem da luz solar. Ela atravessará o edifício durante o dia para iluminar os apartamentos e permitirá que vistas panorâmicas de Paris sejam apreciadas.
Torre Hawthorne. Utrecht, Dinamarca
Torre Hawthorne / plataformaarquitectura.cl
Esta floresta vertical que será construída em Utrecht é o resultado de um concurso internacional para a construção de um novo distrito urbano em Jaarbeursboulevard. A competição teve como vencedor o escritório Stefano Boeri Architetti.
Batizado como Torre Hawthorne, este projeto foi concebido como uma floresta vertical e será uma das duas torres projetadas para o centro de Utrecht. Com uma altura de 90 metros, esta torre será coberta por 10.000 plantas de diferentes espécies.
Este projeto busca criar «uma experiência inovadora de convivência entre cidade e natureza». Graças à sua fachada verde, a Torre Hawthorne absorverá 5,4 toneladas de CO2. Dessa forma, ela contribuirá para melhorar a qualidade do ar e a qualidade de vida na cidade e na torre.
Assim, como podemos ver, há uma forte tendência para a concepção de arranha-céus como jardins. Essa tendência aumentará e as torres continuarão sendo projetadas cheias de vegetação, considerando que a natureza deve ser a espinha dorsal da arquitetura.